mudei

a quem interessar: fernandabrigatti.wordpress.com

au revoir, simone

houve um tempo em que éramos três. quase sempre três contra o mundo, às vezes uma contra a outra. era um tempo que parecia maior e mais fácil. era também como se nada no mundo fosse capaz de nos desmontar, porque tínhamos uma a outra e sentíamos aquele amor de forma tão intensa. houveram viagens, porres, dietas, rompimentos, recomeços, promessas, acidentes, livros de geografia e noites lúdicas, de vinho, poesia, valsa e planos de mudar pra paris e de ser mais feliz.

tenho algumas sugestões, mas não sei ao certo como perdemos o vínculo. claro que eu continuo muito ligada - e quase dependente - às duas, mas algo se perdeu quando as duas deixaram de esperar uma pela outra. o que tinha para lamentar, sugerir, opinar já fiz. enviei emails coletivos e me chateei com ambas uma porção de vezes. claro que já tomei partido, mas hoje acho que as duas erraram e acertaram e no placar invisível dessa disputa por quem é mais cabeça dura, as duas perderam.

tudo isso pra dizer que esse blog nasceu desse tempo em que conversávamos toda manhã e tínhamos conversas tão inacreditáveis e inspiradas, que pensamos ser divertido transformar aquele desiquilíbrio feminino-emocional-profissional em textos e compartilhar aquelas histórias com alguns amigos que se divertiam com a nossa "pluralidade verborrágica". passamos por amores planóticos [exato, planótico] e rimos tanto das nossas obsessões que elas se esvaziaram e viraram só desculpa para gastar uns trocos a mais e dormir umas horas de menos.

então, put the blame on mame veio desse tempo. demoramos meses para decidir um nome, registrar, mexer com a parte prática. foi feito e, ironicamente, passou a existir concomitante com o nosso próprio deixar de existir.

estou deixando de escrever aqui, a começar por hoje.

era pra ser nosso blog e acabou não o sendo. também não vou me apropriar dele, porque não é meu, então vou pra outro lugar, se tiver vontade de manter esse brinquedo de escrever e compartilhar.

hell above and Heaven below
all the trees are gone
the rain made such a lovely sound
to those who are six feet under ground
the leaves will bury every year
and no one knows I’m gone

talvez exista um tempo pra cada coisa, não sei. sei que esse aqui acabou.

deixem vagas minhas lacunas

eu convivo com umas pessoas toscas, grosseiras. algumas pela falta de caráter, outras pela falta de jeito mesmo. gente com rugas ainda invisíveis no rosto, mas cheias de vincos no resto do corpo e da memória. mas também conheço umas pessoas – e claro, não são tantas assim – que são muito fofas. dessas que transbordam leveza e generosidade e eu fico até comovida com tanta disposição pra colorir o mundo. são pessoas que dizem se surpreender “com tantas gentes lindas”.

eu tenho uma amiga assim, uma grande amiga. ela nem quer mais conhecer pessoas, porque tá ficando sem tempo de atender tantos amigos incríveis, maravilhosos e indispensáveis (palavras dela, juro). e olha, ela não é trouxa, não, é só muito colorida, muito generosa, muito disposta. tem vezes que olho pra ela com uma grande cara de interrogação. diferente de outras pessoas, eu não tenho o impulso de repelir toda essa alegria. nada, quero-a bem pertinho de mim.

mas não era nem nisso que eu tava pensando, na verdade. era que eu não consigo. não sei se é uma coisa inata, se é adquirida, se é resistência ou se é medo, mas o lirismo me escapa o tempo todo. já fiz declarações de amor que senti vergonha ao ler em voz alta. percebo que com isso, as minhas pessoas fofas acham que comigo só devem conversar sobre concreto. já fugi de conversas sobre política, mas elas me perseguem. engraçado ainda é ver a surpresa de uns porque depois de uns gorós me escutam divagar sobre qual o quê. e cara, não sou nem concreto, nem diamante.

amei essa foto

my babie sam mendes and me. lovely.

agora sério, para quem gosta de cinema, de fotografia e da annie leibovitz, de todas essas coisas juntas, e de alguma delas, espia: http://freakshowbusiness.com/2009/02/13/atores-e-diretores-do-oscar-2009-pela-lente-de-annie-leibovitz/

158 cigarros, 23 promessas e quatro viagens depois, voltei pra casa. ela está um pouco como eu. desorganizada, embolorada, um amontoado de cinzeiros, livros, junkie food and drinks e um monte de planos não-processados. a faxina começou.

lousa

te entrego todas as minhas verdades
só pra ver você transformando-as em mentiras
e quando já não restar mais nada que brilhe,
abandonarei a você e a mim, e aí,
então, bom dia.

time out

queria falar dos filmes que vi, queria falar de educação, queria falar de amor e de abandono. queria falar de abraços e de ternuras, queria até confessar o inconfessável. mas tem o jornal, tem o festival de cinema, tem a reforma ortográfica e tem o corpo, que pede trégua.

idea é o caralio

eu tenho é idéééééias, com vários agudinhos.

me devolvam meus acentos, filhos da puta.